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Caxias, Ma, Brazil
Sou jornalista por formação e profissão há dez anos. Correspondente do jornal O Estado do Maranhão desde 1999. Já atuei em diversos jornalísticos de Caxias, impressos e na internet.Trabalhei em assessorias de imprensa. Este ano assumi a coluna política de Caxias em O Estado. Aqui estarão impressas um outro lado dessas noticias, os bastidores que pouca gente vê. Postarei também as reportagens produzidas por mim para este jornalístico e que agora estarão disponibilizados também na internet.Leia, reflita e comente.CONTATOS: (99)8133-3525 ou aneledepaula@gmail.com

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quarta-feira, 11 de maio de 2011

ENTREVISTA: DOM VILSSOM BASSO


“EU ACREDITO QUE A NOSSA PROPOSTA DE MISSÃO TOCA O CORAÇÃO DOS JOVENS”
Dom Vilssom Basso foi nomeado bispo da Diocese de Caxias há pouco mais de um ano e desde então vem atuando em várias frentes de trabalhos religiosos com um único propósito: o de mobilizar a comunidade a exercer mais a sua religiosidade e atrair cada vez mais jovens para participar das atividades da Igreja. Dom Vilssom  é licenciado em Estudos Sociais pela Fundação Educacional de Brusque, SC, Bacharel em Teologia pela PUC do Rio de Janeiro, cursou Teologia no Instituto Teológico de Taubaté. Em 1991 estudou Planificação Pastoral na Universidade Javeriana de Bogotá, Colômbia e em 2006 fez curso de inglês em Hales Corners, US, preparando-se para a missão nas Filipinas. Em entrevista exclusiva Ao blog Notas de Caxias ele falou sobre vários assuntos: Campanha da Fraternidade, Religião, Politica, Trabalho Missionário e o assunto no qual é especialista: Evangelização para a Juventude.

NC- Como a Campanha da Fraternidade deste ano trata do tema “Fraternidade e Vida no Planeta” e com tantas fontes de riquezas naturais nesta região, há projetos específicos que poderão ser trabalhados pela Igreja na Diocese de Caxias?

Dom Vilssom-  Será justamente agora a partir da reflexão da campanha nesses quarenta dias, é que a gente pode fazer algum projeto a nível de diocese. Por outro lado, a campanha da fraternidade nos dá a oportunidade de ações concretas a nível pessoal, a nível de família, a nível de igreja e de sociedade com exemplos simples. Tudo o que a gente puder fazer para evitar o desperdício, como o não uso de sacos plásticos por exemplo, já vai ser uma grande contribuição. Outra ação concreta pode ser a nível de água. Durante o banho você pode evitar o desperdício, um dos exemplos que se usa no manual da campanha é regrar o uso dessa água. Se você vai tomar banho, pode desligar a torneira na hora de se ensaboar. Se você diminui o desperdício, quanto bem nós não podemos fazer ao planeta? Uma outra ação concreta que pode ser feita por mim e por qualquer pessoa é com relação ao desperdício de energia elétrica.

NC- Como a equipe foi preparada para trabalhar esse tema que é tão atual, mas que ainda não havia entrado na pauta de discussões da Igreja?

Dom Vilssom- Nós temos uma equipe diocesana que trabalha a campanha da fraternidade durante quarenta dias. Eles participaram de um curso preparatório antes disso, realizado a nível de Maranhão e que aconteceu no município de Bacabal, e a partir daí foram feitos outros seis cursos de preparação aqui dentro da diocese, nas diversas áreas que serão tratadas durante a campanha.

NC- O senhor tem em seu currículo de trabalho enquanto religioso uma militância voltada especificamente para a juventude, foi assim que surgiu o convite para trabalhar com a juventude maranhense?

Dom Vilssom-    Uma coisa que ocorreu assim que eu voltei das Filipinas foi que em uma reunião com os bispos do Maranhão, eles me escolheram para ser o referencial pelos trabalhos com a juventude no Maranhão. A gente tem tentado acompanhar os encontros tanto no Estado, quanto os nacionais para poder de novo entrar nessa caminhada. Desde que chegamos em Caxias já tivemos várias ações e uma delas foi o lançamento, que aconteceu aqui mesmo em Caxias, da Campanha Contra  Violência e o Extermínio de Jovens, que foi lançado em todo o Brasil e que nós assumimos a liderança. Com o apoio da Câmara Municipal local nós também conseguimos lançar essa campanha em todas as escolas da rede pública municipal.

NC- O senhor já tem alguma ação especifica para que a juventude da diocese de Caxias possa participar mais das atividades promovidas pela Igreja?

Dom Vilssom-  Entre os meses de janeiro e fevereiro especificamente em Caxias, nós começamos uma pesquisa de campo, cujos resultados ainda não foram concluídos, para que possamos identificar quantas comunidades possuem grupos de jovens. Isso será aplicado  também nos 22 municípios que fazem parte da diocese de Caxias. A partir daí temos a seguinte proposta, que chamamos de Missão do Grupo de Paz. Cada grupo de jovens vai visitar uma comunidade onde não há esse grupo e irá ajuda-la a formar uma nova equipe de jovens. A ideia de fato é fazer com essa juventude, que está na igreja, se sinta missionária e vá levar essa mensagem aos outros jovens. Outro trabalho que eu acredito que dará um bom resultado é que estamos reativando a Pastoral da Educação do Ensino Religioso na nossa diocese, com isso, vamos poder levar uma mensagem não só aos jovens que frequentam a igreja, mas aqueles que estão nas escolas também. 


NC- Os jovens costumam ouvir mais quem é jovem. O senhor percebe dentro da diocese alguém que seja jovem e que possa militar para trazer outros jovens para a Igreja e fazer com que eles entendem que a religião pode fazer parte do seu cotidiano e da sua vida?

Dom Vilssom-  Na assembleia realizada em janeiro houve a escolha, dentro de cada paróquia, de um jovem que irá ser aquela liderança dentro de cada uma delas. Em cada paróquia há um padre, uma irmã religiosa e uma liderança leiga, que é o jovem escolhido. No caso de Caxias nós temos a jovem Kátia e o Padre Joaquim, da Paróquia de Timon, que são a referência nesse trabalho. Junto com eles eu acredito que devagarinho a gente seja uma voz que provoque a juventude e que os chame a participação. Estamos programando um encontro em Coroatá onde nós pretendemos levar dois jovens de cada grupo, aqui do Maranhão, para que possamos difundir a ideia dessa missão.  A expectativa é de que pelo menos 600 jovens participem desse encontro. Eu acredito que a nossa proposta de missão toca o coração dos jovens. Ele está aí, ele quer fazer alguma coisa, ele quer ser chamado a agir e hoje nós temos uma proposta concreta, simples e possível que a gente pode realizar.

NC- E com relação à participação do poder público dentro dessas mobilizações. O senhor assim que chegou organizou inclusive um encontro com os prefeitos dos municípios da Diocese o que pegou até alguns de surpresa, porque até então eles nunca tinha sido chamados pela igreja para discutir a sua atuação nos municípios que gerenciam, sob esse aspecto religioso. Como se estabelecerá essa parceria?

Dom Vilssom-   Eu acredito que todos nós: Igreja, poderes públicos desejamos o bem do nosso povo, dentro daquela inspiração bíblica de Jesus “Eu Vim Para que Todos Tenham Vida” e que a tenham em plenitude. Então a Igreja ela tem que se preocupar com a vida das pessoas. Nós os padres, os bispos e as lideranças nós temos uma ação. Mas se nós pudermos fazer uma série de ações junto com o poder público, quem é que vai ganhar com isso? É o povo. Foi nesse sentido que nós decidimos convocar os prefeitos, as autoridades para aquela conversa que nós chamamos de Encontro Pelo Bem Comum, para que juntos a gente possa fazer ações que tragam uma vida melhor para o povo, no campo da saúde, da educação e etc. Eu encarei isso com muita simplicidade e fiquei feliz com a participação e pretendo continuar essa parceria.

NC- O senhor acha então que a Igreja tem o papel de cobrar quando algo saiu errado nessas administrações?

Dom Vilssom-  Eu acredito que a igreja tem a função de inspirar, de iluminar e de mostrar caminhos a partir do que Jesus fez. Jesus foi alguém que fez o bem, deu amor, e mostrou esse caminho para o seu povo e a Igreja tem essa função, para quem está trabalhando com o povo, possa agir como Jesus, agindo e fazendo o bem. Não é tanto de cobrar, mas o de mostrar caminhos porque Jesus é uma grande inspiração para nós. O bispo, o padre, os religiosos e até mesmo os leigos buscam orientar e é mais ou menos assim que pretendemos atuar.

NC- Outras reuniões deste tipo estão previstas para acontecer ainda este ano?
Dom Vilssom-   Nós estamos pensando para este ano um segundo encontro, porque a ideia é de fato continuar essa reflexão.

NC-  O Senhor acha que tem faltado mais religiosidade as famílias, para que mais jovens possam se sentir tocados a seguir a vida religiosa?

Dom Vilssom- Eu acredito muito na família que reza, acredito muito na família que tem princípios religiosos. Por isso é que nós criamos aqui na diocese um projeto missionário de cinco anos e que já começou. Serão pelo menos duzentos a quatrocentos missionários permanentes em cada paróquia o que dá um total de cinco mil missionários. A ideia é visitar, pelo menos quatro vezes por ano, todas as famílias da diocese. O objetivo é levar o estudo de temas, oração e a benção a essas famílias. Nós vamos elaborar materiais para o estudo dessas famílias, o primeiro deles será a espiritualidade e a oração. A família que reza é uma família que cultiva a presença de Deus. Queremos justamente levar de voltar às famílias essa formação religiosa e Cristã.

NC- O Senhor viajou por muitas cidades, estados e até países. Houve algum lugar em especial que o senhor sentiu dificuldade para que a Igreja pudesse entrar para melhorar e atuar na vida daquela comunidade?

Dom Vilssom-   Estive em vários países. O último que eu fui, foi as Filipinas Fui como missionário. Ali a gente sentiu em primeiro lugar a dificuldade com a língua, por que ali quem mora é os povos indígenas. Você tem que aprender o inglês e depois a língua nativa de cada região. Além disso, há ainda os vários grupos rebeldes que lutam pela independência e ali há o risco para o missionário. Há os padres que são sequestrados, os padres que são mortos por causa dessa guerrilha. Ali a gente sente que a Igreja tem dificuldade para entrar, sofre para entrar, mas ali eu me senti mais missionário do que nunca, porque você tem que deixar seu pai, sua mãe, sua família, seu país e enfrentar as dificuldades de língua e também social porque há uma luta armada. Mas me senti mais padre do que nunca porque ali você realmente tem que confiar em Deus. Como você deixa tudo para segui-lo você experimenta também a bondade e a proteção de Deus.

 NC- Quando um religioso trabalha como missionário a visão que nós temos é de que essa atuação é muito mais social do que religiosa, é realmente isso o que acontece?

Dom Vilssom-    Quando você está fora do seu país você começa inicialmente um trabalho religioso para somente então o trabalho social. Quando você está chegando em outro país você tem que chegar com o trabalho religioso para você ir vendo a realidade da comunidade, se costumando com o trabalho e conhecendo como eles vivem. O nosso trabalho social não pode ir contra a vida dessa comunidade, não pode ir contra as leis e os hábitos dessa comunidade e depois sim o missionário está lá para servir o povo e procurar ações que melhorem a vida daquele povo. Quando você chega você tem que estudar e ler sobre aquela comunidade, para que você possa conhecer e respeitar o que já foi feito naquela comunidade. 


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